29.1.09

O corpo de B. Franklin, Impressor

No dia em que Benjamin Franklin morreu, choraram nas suas estantes mais de quatro mil volumes. Ridículo para os padrões actuais, eu sei, mas a dele era, à data, nada menos que a maior biblioteca privada da América do Norte. E que livros chorariam hoje pelos seus donos? Os meus, hmm, os meus acho que não.

Leia esse epitáfio que Franklin, impressor de ofício, compusera em jovem para a sua própria sepultura (tradução caseira):
O corpo de
B. Franklin, Impressor
(Qual Capa de um Velho Livro,
Estripado do seu Conteúdo
E Despojado de seu Título e Douraduras)
Aqui Jaz, Alimento para Vermes.
Mas não se perderá a Obra;
Pois esta (assim o Acreditava) Surgirá uma vez Mais
Em Nova e mais Elegante Edição,
Revista e Corrigida
Pelo Autor. *
Mas Benjamin mudou de ideias. A inscrição que hoje lhe adorna a sepultura, por vontade expressa no seu testamento, é bem mais modesta:
Benjamin and Deborah Franklin: 1790
A propósito, não sei se lho disse, mudei de óculos. Não que isso a si lhe faça diferença, mas aos meus livros… enfim, gosto de pensar que eles se importam.
-----
*The body of B. Franklin, Printer (Like the Cover of an Old Book Its Contents torn Out And Stript of its Lettering and Gilding) Lies Here, Food for Worms. But the Work shall not be Lost; For it will (as he Believ'd) Appear once More In a New and More Elegant Edition Revised and Corrected By the Author.