Ameacei espirrar sobre o funcionário se ele não falasse com a notária ao telefone. Recuou um pouco na sua cadeira de rodinhas, mas não cedeu. Olhei em redor em busca de bebés que pudesse alugar e dizer meus, às vezes ajuda. Nem um. Foi então que me veio a ideia. Disse que ela, a notária, era linda – mentira nenhuma – e que eu tinha o poder de os pôr a falar um com o outro.
Do lado de lá da secretária balia agora um cordeiro, e quando lhe passei a chamada já todo ele era Bogart preparando-se para uma troca de ditos espirituosos com Bacall. Nem lhe ocorreu que o meu telemóvel tinha provavelmente mais vírus por milímetro quadrado que uma lamela de microscópio após um salto da prancha de dez metros para as profundezas peliculares de um disco de Petri.
Quando chegaram a um acordo, eu senti a cabeça deslizar do cepo para o patíbulo frio e molhado. Ainda estava presa ao corpo.