28.4.09

Abra e não feche, mesmo que doa

Hoje de manhã, enquanto no televisor da salinha de espera peroravam qualquer coisa sobre como emagrecer pelo sexo e a forma correcta de medir o pénis (recordo-me de ter ouvido Goucha dizer algo como “não há fita métrica para o meu tamanho”, o que me deixou a pensar em como a vida afectiva dele deve ser um pânico), a assistente do meu ortodontista – há que chamar as coisas pelos nomes – debitou-me, em vez dos 68 que eram de lei, 680 euros no terminal Multibanco.

Detectei o excesso barroco assim que o papelinho assomou à boca da maquineta, como se aquele zero do “680” viesse impresso a vermelho fluorescente. Então balbuciei, com uma bola de ténis entalada na garganta mas rindo muito, “hahaha, isto hoje foi uma inspecçãozita de rotina a puxar para o carote, não há fita métrica que chegue para esta conta”.

A assistente olhou para o pedacinho de papel térmico que eu, lutando contra uma apoplexia que entretanto me assaltara, lhe passara para a mão. Inspeccionou-o por um momento, levou a mão ao queixo pensante e disse tranquilamente:

“Bolas, por 680 euros tínhamos-lhe posto uma coroa”.

Assim andam, leitor, as monarquias.