17.1.14
O Lisboeta à Chuva
O lisboeta acorda, espreita pela janela, tira uma fotografia à coisa branca no asfalto (neva na rua dele!); não é neve, é granizo, faço ideia o quanto se ririam disso a norte mas no fundo é tudo igual, tudo coisa branca, conheço quem a odeie porque tem que lhe aturar as inconveniências metade do ano. O lisboeta lava-se, agasalha-se um pouco mais do que o costume e sai para a rua. A medo pisa a coisa branca, confirma que escorrega muito, troca duas palavras de espanto com a empregada da boutique do rés-do-chão e lá vai, adaptado, para o seu emprego, ou para o seu desemprego, ou para o que calhe, como se este clima parisiense lhe fosse a coisa mais natural do mundo. Estou a vê-lo ao fundo da rua, já corre, é para não perder o autocarro.