Desculpe qualquer conversa que me escape sobre mecânica quântica, cosmologia, supercordas, horizonte de acontecimentos, singularidade, entropia e coisas que se lhes semelhem. O desgosto com a crise deu-me para ler sobre o assunto, já vou no milésimo calhamaço – o que terminei agora, The Fabric of the Cosmos: Space, Time, and the Texture of Reality, tem praticamente 600 páginas neste universo (noutros pode ter ou não). E no entanto, só ultimamente comecei a ter noção de que, por exemplo, menos que dez dimensões espaciais é coisa para meninos e que se pode passar através de um túnel de verme sem se ter nojinho dele (e ainda ganhar tempo com isso).
Deixe que me orgulhe de dizer que eu mesmo já ilustrara, para os livros do Carlos Fiolhais e do professor Dias de Deus (ambos excelentes terráqueos e bons amigos, saudades de uma almoçarada, para a semana terei um pouco de tempo e muitas perguntas) os Grandes Mistérios da Física, tanto da astronomicamente grande (como a Relatividade Geral, Restrita e Não sabe / Não responde) como da ridiculamente pequena (conhecida nas cantinas das faculdades como “Física da Partícula de Napoleão”).
Mas não ligue, isto passa-me. Até Freud disse que às vezes um buraco negro é apenas um buraco negro. Ou se não o disse neste, disse-o num universo paralelo qualquer.