Vai o meu rapaz actuar, já na quarta-feira próxima, numa exigente produção escolar de A Menina do Mar, de Sophia de Mello Breyner, cabendo-lhe defender nada menos que dois papéis da maior relevância para o desenrolar da trama: o de polvo e o de búzio. A este último cabem duas valorizadas deixas, ao passo que o apetitoso cefalópode brilha mais pelo lado do desempenho somático, naquilo que se quer uma diegese estética da Volúpia-de-Si.
O histriónico leitor decerto aprovará que eu tenha de imediato iniciado a criança na Poética de Aristóteles, assim como n’A Origem da Tragédia, de Nietzsche; os cujos lhe li, como Ambrósio a Agostinho, em voz alta; permanecendo o menino amarrado a uma cadeira, com um adesivo do rato Mickey na boca e a uma distância segura do televisor mais próximo.
Estarei na primeira fila, naturalmente. E quando, cercado por amigos, conhecidos ou simples admiradores que não desdenharei, me perguntarem se a estrondosa crítica saiu na página um do jornal, responderei como o grande António Silva, o dedo indicando as himalaicas alturas:
“Upa, upa! Dezassete!”