Disputava o príncipe com o rei a única casa de banho do palácio:
“Precisamos de fazer a barba”, dizia o príncipe.
“E nós queremos tomar um banho de imersão”, retorquia o rei.
“Mas nós vamos passar a noute fora com uma cortesã gaiteira”, insistia o príncipe.
“Pois ide como estais, e tende o cuidado de tornar perfumado ao paço”, arreliava-se o rei.
Desta forma encostado aos azulejos, o príncipe permitiu que o rei entrasse na vetusta banheira; após o que lhe afogou a majestade sem grande dificuldade.
Ultrapassada alguma comoção inicial, o povo aclamou o matante como seu governante; e, em sinal de agradecimento à Divina Providência, o novo monarca não voltou a tomar banho de imersão em toda a sua longa vida – ainda hoje luzem no palácio o duche e polibã doirados que em lugar da real banheira ele mandou fossem instalados.